TiagoalmeidaDos descobrimentos no século XV às vagas de emigratórias dos anos 60, Portugal mostra ter uma forte relação histórica com a emigração. Actualmente, o descontentamento com a situação económica começa a criar novamente, principalmente nas novas gerações, esse desejo de partir para o estrangeiro, visto como uma terra de oportunidades comparado com o mercado de trabalho português.

De facto, vendo as estatísticas de desemprego nacional, observa-se que a taxa de desemprego para jovens (idade inferior a 24 anos) subiu de 15,2% em Setembro de 2007 para uns espantosos 36,2% em Março de 2012 e que a taxa de desemprego total subiu de 7,9% para 14,9% no mesmo horizonte temporal, de acordo com os dados do Banco de Portugal.

Estes números são de facto alarmantes, em 5 anos Portugal viu a sua população desempregada duplicar e actualmente 1 em cada 3 jovens está desempregado. É precisamente face a esta realidade que a vontade de emigrar surge, principalmente nos jovens. A questão face a tudo isto é o quão desejável é que a emigração aumente.

Analisando apenas de uma perspectiva económica, caso a taxa de emigração aumente consideravelmente, a economia portuguesa pode receber uma lufada de ar fresco. Um aumento do número de emigrantes levaria a um aumento das remessas de emigrantes, acelerando o ritmo com que Portugal tenta recompor o saldo da balança corrente e de capitais, que tem estado na raiz da crise da dívida soberana. Ao mesmo tempo, tendo em conta que a população desempregada seria a principal fonte de emigração, e com especial ênfase nos jovens, o desemprego nacional seria aliviado e conduziria a uma pressão negativa nas taxas de desemprego, reduzindo a probabilidade de histerese, uma sustentação de taxas de desemprego elevadas por um longo período de tempo. Não só equilibrando o mercado de trabalho nacional como reduzindo os encargos do estado com a população desempregada.

Portugal estaria a perder no entanto mão-de-obra qualificada no processo de emigração, o fruto do investimento público na educação estaria a ser colhido por outros países. Este efeito seria provavelmente contrabalançado no futuro quando as condições da economia portuguesa melhorassem e o mercado laboral fosse capaz de receber esses indivíduos. De facto espera-se que uma grande parte dos emigrantes tende a regressar ao seu país no futuro para continuar a sua vida no país onde nasceu. Esses que regressam, não só trariam os seus conhecimentos prévios, como provavelmente novas mentalidades e saberes, capazes de enriquecer Portugal.

Devemos no entanto ter cuidado em aplaudir a necessidade de emigração para solucionar problemas nacionais, pois a um nível mais profundo revela a incapacidade da classe política portuguesa de resolver os problemas económicos estruturais do país, muitos com décadas de existência, e que caso não sejam resolvidos a fragilidade da economia portuguesa revelar-se-á no futuro novamente.


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